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Álvaro Gonçalves Pereira, um homem entre a oração e a construção patrimonial como estratégia de consolidação familiar.

Paula Pinto Costa
2015
17 páginas

Álvaro Gonçalves Pereira, documentado entre os anos 30 e 80 do século XIV, era membro da família Pereira, que tinha forte influência na sua época. Os compromissos que assumiu, tanto com a monarquia, como com assuntos centrados além da fronteira portuguesa, tiveram uma importância decisiva na afirmação do seu poder. Álvaro Gonçalves Pereira, no contexto da Ordem do Hospital, fez um percurso de freire a prior e protagonizou uma época muito particular da história desta Ordem, tanto do ponto de vista dos acontecimentos portugueses, como do ponto de vista da evolução da conturbada história dos locais onde se situava a sede desta ordem religiosa e militar (ilha de Rodes). Estas conjunturas – interna e externa – deram origem ao desenvolvimento de um notável programa de atuação por parte de Álvaro Gonçalves Pereira nos territórios a sul do rio Tejo. Implementou uma estratégia de domínio territorial e afirmação senhorial, através de uma marca arquitetónica muito forte nas estruturas fortificadas da Amieira (vale do rio Tejo), do Crato (nordeste do Alto Alentejo) e da Sertã (Beira Baixa), a que se acrescentam os paços da Flor da Rosa (Alentejo) e de Cernache do Bonjardim (Sertã). Este ciclo construtivo patrocinado por fr. Álvaro abriu uma nova etapa da história dos Hospitalários, em que os protagonistas são a monarquia e a família Pereira. O significado atribuído às construções feitas sob iniciativa de fr. Álvaro clarifica-se no contexto da batalha do Salado. Esta conjuntura foi favorável à emulação dos Pereiras e deu origem à intervenção no Livro de Linhagens do Conde D. Pedro, no qual se escreveram passagens que exaltam os Pereira, de acordo com o contexto dos anos 80 do século XIV. Em síntese, estamos perante a manifestação de uma garantia de fixação de uma memória ou de uma outra forma de vida continuada.


Palavras-chave: Álvaro Gonçalves Pereira; Flor da Rosa; Marmelar; Amieira, Crato