CEPESE CEPESE | CENTRO DE ESTUDOS DA POPULAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE

Militarium Ordinum Analecta, n.º 12

António Pestana de Vasconcelos

CEPESE
2012
1020 páginas

Partindo da análise prosopográfica do universo de 427 cavaleiros e comendadores das Ordens Militares Portuguesas, procedeu-se à identificação das respectivas linhagens, tendo sido apuradas neste conjunto 33 famílias. Entre a subida ao poder da Dinastia de Avis (1385) e os finais do reinado de D. Manuel (1521), verifica-se uma presença crescente deste grupo, mais expressiva durante este último reinado.

Estas dinâmicas foram observadas no âmbito das relações entre as Ordens Militares e a Monarquia, desde o século XIV até ao final do primeiro quartel do século XVI, tendo sido constatada uma crescente influência da coroa nestas instituições (desde a ingerência na indigitação dos mestres à entrega dos mestrados a membros da Família Real e, por fim, ao assumir por parte da Coroa o governo destas milícias).

Foram também consideradas as normas que regiam estas instituições e as reformas nelas ocorridas, nomeadamente aquelas que, relacionadas com os desígnios da Coroa, estão ligadas com a expansão tanto no Norte de África como no Oriente, tornando-as ao mesmo tempo mais atractivas ao sector da sociedade que importava cativar – a Nobreza.

Ao longo do período em análise, este grupo nunca deixou de desenvolver estratégias várias em ordem ao crescimento dos seus proveitos, benesses e património. Finalmente, considera-se o interesse crescente de certas linhagens em colocar elementos seus nestas instituições, pelo prestígio social e pelas vantagens económicas e patrimoniais que daí podiam advir.

Deste modo, o acréscimo de nobres presentes nas Ordens Militares proporcionou à Coroa, especialmente no reinado de D. Manuel, a possibilidade de controlar e manter sob sua dependência largas franjas deste sector, mediante a atribuição de privilégios e da concessão do património destas instituições colocando-os, ao mesmo tempo, ao seu serviço.