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Os artistas ao serviço da confraria do Espírito Santo dos Arcos de Valdevez

Paula Cardona
2008
16 páginas

Neste artigo apresenta-se o caso particular da confraria do Espírito Santo do concelho dos Arcos de Valdevez realçando o seu espírito empreendedor e a sua robustez económica, como alavanca para o vasto programa de obras que incrementará no seu templo – a Igreja do Espírito Santo.

No que se refere ao programa de obras foram identificadas duas tipologias – a arquitectura e a encomenda de estruturas retabulares, num período correspondente à década de 40 do século XVII, até ao terceiro quartel do século XVIII.

No primeiro caso, foi possível reconhecer três períodos distintos: o primeiro relacionado com a construção do templo e das estruturas adjacentes – campanário e sacristia, que decorre entre 1640 e 1703; o segundo período marcado pelas intervenções na fachada da igreja e pela construção de uma nova torre, obras balizadas entre 1720-1727 e um terceiro período caracterizado pela ampliação da capela-mor e sacristia que se situa entre 1746-1765.

Em matéria de encomendas retabulares, o artigo centra-se nas sete estruturas executadas para a capela-mor e arco-cruzeiro entre 1666 e 1681, correspondente à fase maneirista da talha; na profunda remodelação decorativa levada acabo no final da década de 20 do século XVIII, para culminar com as intervenções feitas na capela-mor entre 1747-1758.

Tendo em conta as categorias definidas e os seus respectivos ciclos, foram exaustivamente levantados os artistas e artificies, oficiais e ofícios que permitiram medir por um lado, o peso dos oficiais e das oficinas externas ao núcleo dos Arcos de Valdevez e por outro lado, aquilatar a expressão de oficiais e oficinas locais, tendo em linha de conta os critérios relacionados com os aspectos geográficos e o conhecimento que a confraria clerical do Espírito Santo detinha dos circuitos artísticos locais, regionais e nacionais.