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Fernando Lemos: um artesão dos tempos modernos

Margarida Acciaiuoli
2007
8 páginas

Pouco tempo depois de ter procurado refúgio no Brasil, em 1953, Fernando Lemos foi para S. Paulo colaborar na montagem de uma exposição histórica sobre a cidade paulista, a convite de Jaime Cortesão. Lemos tornara-se um pintor famoso em Lisboa, graças à sua participação na exposição surrealista da Casa Jalco, onde apresentara um conjunto de 125 obras, entre óleos, guaches, desenhos e fotografias, e agradou-lhe especialmente o facto de ser tentado a pôr à prova os seus talentos no domínio do desenho gráfico, uma prática que de resto conhecia. Durante anos trabalhara em editoras, agências de publicidade e litografias industriais como impressor e desenhador, e expusera mesmo cartazes seus. Mas em Portugal, essa actividade não tinha ainda nada a oferecer. Este facto veio a revelar-se quase tão determinante para o futuro de Lemos como as perspectivas que no Brasil se lhe abriram. Em 1954 realiza no Museu de Arte Moderna de S. Paulo uma exposição individual de Desenho. Nesse mesmo ano e no seguinte integra a secção de Desenho da II e III Bienal de São Paulo. E em 1957 era-lhe atribuído o Prémio de “Melhor desenhista” brasileiro na lV Bienal de S. Paulo, tendo tido então, pela primeira vez na vida, reais oportunidades de ampliar esta variante do seu trabalho.