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O programa arquitectónico da matriz de Moncorvo e a demorada afirmação da arte barroca no Distrito de Bragança.

Luís Alexandre Rodrigues
2005
28 páginas

A igreja manuelina de S. Miguel, em Freixo de Espada à Cinta, remete-nos para um ambiente artístico caracterizado pelo recurso a elementos do reportório medieval. Inicialmente marcada por idênticos valores, a paroquial de Moncorvo, acusaria a incorporação de vocabulário de extracção clássica principalmente nos portais laterais. Nas Misericórdias de Freixo de Espada à Cinta e de Moncorvo e ainda na igreja dos padres da Companhia de Jesus, em Bragança, consolidar-se-ia este desenvolvimento estético. A Sé de Miranda do Douro traduz o rigorismo que se seguiu ao Concílio de Trento. Porém, nesta catedral como na matriz de Moncorvo interessa-nos a configuração das frontarias, o modo de implantação das torres e a organização interior. Geralmente de uma só nave, a maioria das igrejas paroquiais prolongam modelos morfologicamente vernáculos, especialmente na articulação dos vários planos, nos portais e nas sineiras.

O santuário de Santo Cristo de Outeiro, obra lançada na transição do século XVII para o século XVIII, mostra as dificuldades da plena assumpção da linguagem barroca na arquitectura. Seria nas frontarias de Santa Maria de Bragança, de S. Pedro, em Santa Comba da Vilariça, e, já muito mais tarde, na matriz de Sambade que a arquitectura barroca enunciou alguns dos seus principais postulados.