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A presença do Brasil no Santuário do Bom Jesus do Monte (Braga)

Natália Marinho Ferreira-Alves
2010
16 páginas

O Santuário do Bom Jesus do Monte (Braga), é o santuário cristológico mais importante do Mundo Católico tendo mantido ao longo dos séculos a sua força carismática, mesmo em relação a outros santuários, quer cristológicos, quer mariológicos. A ermida de Santa Cruz, erguida em finais do século XV sob o patrocínio do arcebispo D. Jorge da Costa, constituiu o ponto de partida de um importante pólo de peregrinação, recriando-se o Caminho do Calvário de Jerusalém e revivendo-se, desta forma, os últimos momentos da Vida de Cristo. Sofrendo transformações nos séculos XVI e XVII, será em Setecentos, por empenho do arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, que o Santuário assume a sua feição barroca expressando de forma única o sentimento da devotio moderna. Graças à acção mecenática do esclarecido prelado o Santuário, através de uma densa linguagem iconográfica, transforma-se no paradigma da mensagem apologética da Fé Católica, na qual Cristo convida o Crente a acompanhá-lo na sua Via Dolorosa, apontando-lhe o Caminho da Redenção.

Durante o século XVIII assistimos à participação de mestres pedreiros, de escultores, pintores e outros artistas, que contribuíram de forma significativa para a concretização das aspirações dos encomendadores, desde os arcebispos, aos membros da Confraria, sendo de suma importância os donativos dados pelos fiéis ligados ao Santuário. Neste contexto, e entre os finais de Setecentos e ao longo do século XIX, são relevantes os contributos vindos de Lisboa, do Porto e particularmente de várias zonas do “Império do Brasil”, como Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais. Serão estes doadores que irão possibilitar a continuidade das obras e o trabalho dos artistas, cuja presença ainda hoje permanece naquela que é uma das nossas maiores realizações a nível patrimonial e manifestação profunda da Fé das nossas gentes.