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Frutos da violência: o olhar estrangeiro e a Cabanagem como vingança de índios contra os portugueses

Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro
2017
12 páginas

Neste artigo, abordaremos uma vertente interpretativa da Cabanagem surgida logo após a eclosão dessa revolta popular, ocorrida na década de 1830 no Grão-Pará e difundida por escritores estrangeiros em livros de memória, registros históricos e relatos de viagens. Abstraindo o efervescente debate político do período e tangenciando uma efetiva aferição da complexa sociedade colonial e pós-colonial do Grão-Pará, tais estrangeiros tenderam - como fez Daniel Kidder - a pensar a rebelião "como fruto da violência que desde o início da colonização do Pará pelos portugueses se praticou contra o índio desprezado" . Tal interpretação, em boa medida plasmada no discurso das lideranças rebeldes paraenses, legitimaria, um século depois, os argumentos da volumosa produção historiográfica, que passaria, após 1935 , a referenciar a Cabanagem, quase que exclusivamente, como movimento nativista.