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A Câmara Municipal do Porto e a construção do espaço urbano da cidade (1820-1860)


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Campo, Lugar
1858-04-28
A Câmara Municipal do Porto decidiu que cederia a água, para venda juntamente com o existente Hospital das Entrevadas, conquanto a Misericórdia cedesse à Câmara do Porto o adro e capela de Santo André, para se levar por diante o projeto a abertura da rua no seguimento da Rua da Alegria até à Rua das Fontainhas, prescindido a Câmara de abrir a rua desde Santo Ildefonso a S. Lázaro. Alegava a Câmara que a Misericórdia não precisava da Capela de Santo André e que, vendendo a Misericórdia o hospital, com o projeto da Câmara de depois demolir para abrir a tal rua, não conseguiria obter grande rendimento, porque os prédios que se iriam erguer à face da nova rua ficariam oblíquos e os licitantes iriam licitar por muito menos. A Câmara já tinha assumido que iria rebaixar a rua em frente ao Hospital de Santo António, e isso só beneficiava a Misericórdia, pelo que achava que a Misericórdia não tinha outra solução senão alinhar com a ideia da Câmara. O rebaixe era para que a Misericórdia pudesse formar a escadaria em frente do hospital e como a obra estava orçada em 600$000, a Câmara achava que metade devia ser paga pela Misericórdia. Viria a ser aprovado pela Misericórdia, e, quanto ao Hospital das Entrevadas, a Câmara do Porto manteve que daria uma pena de água para o novo Hospital das Entrevadas, tirada do aqueduto público.
¶ Aprovada a planta para a abertura e alinhamento de uma nova estrada no Lugar do Campo, Campanhã, para ser submetida à aprovação do Conselho do Distrito. "Para ser levada a efeito a dita estrada e alinhamento contratou a Câmara com João Ferreira Gordinho, dono da casa e campo por onde tem de romper-se a estrada, indemnizá-lo com a quantia de cento e vinte mil réis, cedendo-lhe a Câmara o termo do atual caminho público, designado na planta com as letras C O Q, a porção de terreno público marcado na mesma planta com as letras R P, e finalmente obrigando-se a fazer as paredes de vedação entre os pontos C D até ao nível a que a nova estrada tem de subir da maior elevação dada ao leito da ponte, ficando o proprietário sujeito a entulhar e vedar à sua custa todo o terreno indicado na planta com as letras O P. Pelo que pertence à proprietária Maria Ferreira, viúva, "contratou a Câmara com ela em lhe expropriar a porção de terreno que na referida planta se acha banhado de amarelo e que se estende desde A a B recebendo a proprietária em compensação a porção de terreno público designado na mencionada Planta com as letras EAFF, com o qual ela se da por satisfeita em remuneração do terreno que perde, obrigando-se a Câmara a fazer-lhe a vedação do terreno a que a estrada tem de subir por efeito da maior elevação dada ao leito da Ponte. E como para a realização da expropriação e vedação do terreno a João Ferreira Gordinho a Câmara esteja suficientemente habilitada com os meios necessários no orçamento do atual ano económico, no qual se acha incluída a quantia de 300$000 para obras na freguesia de Campanhã, e não possa contudo ultimar o contrato estipulado com os expropriandos, foi resolvido que não só fosse submetida a dita planta à aprovação do Conselho do Distrito, mas também o orçamento da importância das expropriações e obras a fazer, junto com um extrato em duplicado da presente ata para o mesmo Tribunal resolveu acerca da sua aprovação".
1858-09-02
Entretanto, a Câmara do Porto pediu ao Governo Civil que a rua de novo aberta desde a Rua 24 de Agosto ao Largo da Aguardente, em direção à Rua 27 de Janeiro, projetada pela Câmara, mas realizada pelo esforço de alguns cidadãos que cederam gratuitamente terrenos para passar a rua através dos campos da Aguardente, fosse denominada 15 de Setembro, pois os cidadãos que promoveram a abertura da rua queriam inaugurá-la no dia 15 de setembro e essa data estava ligada a um facto histórico por sua vez ligado ao 24 de Agosto. O Governo Civil viria a aprovar.
¶ Expropriação no lugar de Campos, em Campanhã, junto à ponte que a Câmara Municipal tinha mandado fazer.