Pais e Filhos, Avós e Netos: Notas sobre Envelhecimento Positivo e Qualidade de Vida em Cidades de Média Dimensão

Neste texto propomo-nos discutir criticamente a relação entre envelhecimento positivo e qualidade de vida em cidades de média dimensão, analisando, especificamente, o modo como os adultos jovens percepcionam e incorporam nos seus discursos em torno da qualidade de vida a presença dos pais idosos/avós. Metodologicamente, apoiamo-nos em dados recolhidos a partir de entrevistas de episódio realizadas a homens e mulheres com filhos pequenos (3-14 anos de idade), no quadro de uma investigação sociológica mais ampla dedicada ao estudo dos rituais familiares. Os dados recolhidos, analisados com recurso a técnicas qualitativas de análise de conteúdo com auxílio do software NVivo (QSR), sublinham a importância do envelhecimento positivo na percepção que os adultos jovens entrevistados (média de idades de 38 anos) têm sobre a qualidade de vida da sua família como um todo. Pais e filhos, avós e netos, adultos e crianças podem assim beneficiar de um ambiente de relacionamento mutuamente positivo. A presença e a co-existência de gerações são vistas como um “uma sorte” e “um privilégio” que “não tem preço”, possível numa cidade de média dimensão, onde tudo está suficientemente próximo para adensar as solidariedades intergeracionais informais no triângulo avós-pais-netos.

Palavras-Chave: Família; Idosos; Envelhecimento Positivo; Qualidade de Vida; Cidades de Média Dimensão.