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Nepotism, illegitimacy and papal protection in the construction of a career: Rodrigo Pires de Oliveira, Bishop of Lamego (1311–1330†)

Anísio Miguel de Sousa Saraiva
2008
12 páginas

D. Rodrigo de Oliveira foi uma das muitas personagens do episcopológio português trecentista que alcançou o topo da hierarquia eclesiástica, graças à projecção conquistada pela prática recorrente do nepotismo. O tecido social que catapultou este clérigo para a hierarquia religiosa e a forma como este aí desenvolveu o seu cursus honorum são o reflexo de um tempo onde o parentesco e o proteccionismo, mormente dentro da própria Igreja, eram elementos determinantes para nela se ter lugar e, principalmente, poder construir uma carreira.

Filho ilegítimo do influente arcebispo de Braga, D. Martinho Pires de Oliveira (1296–1313), D. Rodrigo resultou de um processo ascensional apoiado e enquadrado na estratégia abrangente deste arcebispo (de favorecimento da sua parentela e dos seus dependentes), e na indispensável protecção dos papas Bonifácio VIII e Clemente V, conseguida pela grande influência de D. Martinho na Cúria Apostólica.

D. Rodrigo de Oliveira protagonizou assim uma carreira iniciada no cabido de Évora (cidade de inserção da sua família paterna), quando ainda não possuía a idade regulamentar de catorze anos, para de seguida ascender ao priorado da colegiada de Santa Maria de Guimarães, daí ao deado de Évora e pouco depois ao episcopado de Lamego, cargo que recebeu por mercê pontifícia, após ter falhado a sua eleição para bispo de Évora.

Foi neste contexto que se construiu o perfil de D. Rodrigo, apoiado sobretudo numa estratégia de favorecimento ditada pelos interesses familiares e amplamente beneficiada pela protecção papal, através da concessão de sucessivas prerrogativas de privilégio e de excepção.


Palavras-chave: Portugal, História Medieval, História da Igreja, Catedrais, Bispos, Cabidos, Papado, Nepotismo