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A actividade organeira nos Açores na segunda metade do século XIX: um panorama ímpar no contexto português

Isabel Albergaria Sousa
20 páginas

Após a implantação do regime liberal, a produção organeira em Portugal – particularmente prolífica entre o último quartel do século XVIII e a segunda década do século XIX – conheceu um período de declínio. Comparativamente
à fase final do Antigo Regime, na qual se disseminaram por todo o país (inclusivamente nos Açores) órgãos de tipologia portuguesa de organeiros de referência como Joaquim António Peres Fontanes e António Xavier Machado e Cerveira, a actividade organeira da segunda metade de Oitocentos em território continental cingiu-se,  raticamente, à importação de instrumentos estrangeiros ou de componentes de instrumentos de estética estrangeira para montagem em Portugal, apartando-se assim da tradição portuguesa de final de Setecentos.
Nos Açores, além de uma vintena de órgãos daqueles organeiros que ainda subsiste, há um significativo número de órgãos assinados por construtores residentes nas ilhas, na segunda metade do século XIX, moldados na estética
barroca portuguesa tardo-setecentista de Peres Fontanes e Machado e Cerveira. Estes órgãos surgem num tempo em que, paradoxalmente, o espírito do Romantismo já tinha penetrado na expressão artística portuguesa. De entre
os construtores residentes nos Açores destaca-se o padre Joaquim Silvestre Serrão, pela importância da sua acção em diferentes domínios artísticos.