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O Monumento a Gomes Freire de Andrade em S. Julião da Barra, de 1853, no Contexto da Celebração Romântica da Memória do Herói em Portugal

Carlos Caetano
52 páginas

O suplício de Gomes Freire de Andrade no dia 18 de Outubro de 1817 numa forca erguida junto à fortaleza de S. Julião da Barra, bem como o dos demais conjurados implicados na Conspiração de 1817 no mesmo dia, no Campo
de Santana de Lisboa, causaram grande emoção e indignação. A figura de Gomes Freire e a dos seus infortunados companheiros seria reabilitada após a Revolução Liberal de 1820.
Por esses anos, levantar-se-ia uma cruz em S. Julião da Barra. Porém, só em 1853, quase duas décadas depois da implantação do Liberalismo em Portugal, foi possível levantar um monumento a Gomes Freire. Erguido no sítio do suplício, o monumento foi promovido por militares prestigiados que assim pretendiam homenagear Gomes Freire e sobretudo desafrontar a memória do Exército, envolvido penosamente no seu processo, na sua prisão e na indignidade da pena (morte vil pela forca) aplicada em S. Julião da Barra a um oficial tão prestigiado.
O monumento teve as suas pretensões: um pilar apoiado num pedestal e de há muito encimado por uma cruz rústica no lugar da estátua inicialmente projectada.
Propõe-se a descrição e análise do singelo monumento a Gomes Freire e sobretudo uma primeira recensão e tipificação de alguns dos memoriais monumentais erguidos em Portugal em meados do século XIX no âmbito da
celebração, romântica, da memória do herói e do episódio heróico.