CEPESE CEPESE | CENTRO DE ESTUDOS DA POPULAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE

Um título para leitores de dois continentes. A imprensa periódica portuguesa na segunda metade do século XIX

Fernanda Paula MaiaIsilda Monteiro
2013
16 páginas

Os estudos de José Tengarrinha sobre a imprensa periódica em Portugal demonstraram, cabalmente, de que forma o século XIX constituiu um marco relevante no desenvolvimento da imprensa periódica portuguesa, na esteira do que acontecia nos restantes países europeus marcados pela revolução industrial do vapor. Para além disso, aquele autor pôde concluir como, também neste aspeto, o período designado, na história portuguesa, por Regeneração - geralmente considerado cronologicamente como coincidente com grande parte da segunda metade de Oitocentos - constituiu um ponto de viragem relativamente à publicação de j ornais em Portugal. Na verdade, beneficiando de uma legislação cada vez mais favorável, quer ao nível da propriedade literária, quer ao nível da liberdade de imprensa ou dos privilégios concedidos aos j ornais, foi possível abrir-se, no território português, um período de grande "florescimento do jornalismo'' que só terminaria com a legislação restritiva pós- Ultimatum. Com efeito, o fenómeno espoletado pela exigência britânica, corporizada através de um Ultimatum enviado a Portugal a 11 de Janeiro de 1890 - pela qual aquela potência impunha a retirada das forças militares portuguesas do território localizado no interior de África, entre as colónias de Angola e de Moçambique, então integradas no Império lusitano -, acabaria por gerar uma posição de reforço da fiscalização e de retraimento por parte do governo, o que conduziu a um maior controlo da imprensa periódica.