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O «Livro de honra para memória perpétua» dos benfeitores da Misericórdia do Porto, ou uma espécie de catálogo de ornamentação gráfica do Romantismo

José Francisco Queiroz
19 páginas

O “Livro de honra para memória perpétua de todos os bemfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto”, ou simplesmente Livro de Honra da Misericórdia do Porto, foi sendo preenchido entre cerca de 1855 e cerca de 1916. Em perto de cinco centenas de páginas, ficaram registados os nomes e os legados de vários benfeitores, registo esse acompanhado de elementos ornamentais, em alguns casos de muito elevada qualidade e requinte. Peça notável em termos históricos, o Livro de Honra da Misericórdia do Porto é sobretudo importante em termos artísticos, constituindo-se – pela cronologia relativamente ampla abarcada, pelo número de páginas ilustradas e respectiva qualidade das ilustrações – quase como um catálogo de ornamentação gráfica do Romantismo. Nele sucedem-se – e, por vezes, coexistem – vários estilos, desde o Classicismo à Arte Nova, incluindo ornamentos influenciados pelos gostos Neogótico, Arts & Crafts, Casa Portuguesa, e outros. Embora há poucos anos atrás o Livro de Honra da Misericórdia do Porto tenha sido disponibilizado em versão digital na sala dos benfeitores do respectivo Museu, trata-se de uma peça que não mereceu ainda qualquer estudo. Nesta comunicação faz-se, pois, uma primeira abordagem a este livro, forçosamente superficial embora contribuindo também com alguns dados inéditos sobre os seus dois principais ilustradores: Querubino Henriques Lagoa e Hugo de Noronha.